Notas explicativas

Canto XXXIII

33.1 Conde Ugolino della Gherardesca, originalmente de família guibelina era, junto com o seu neto Nino dei Visconti, um dos líderes guelfos que exerciam a sua autoridade sobre a cidade de Pisa. Ugolino estava insatisfeito em ter que dividir o poder com Nino, então, traiu seu partido e aliou-se ao arcebispo guibelino Ruggieri degli Ubaldini que era apoiado pelos Lanfranchi, Sismondi, Gualandi e outras famílias gibelinas. Juntos, eles tramaram a expulsão ou prisão de todos os seguidores de Visconti e Ugolino assumiu o poder. Mas o conde sempre achava que poderia ser traído e por isso tratou de eliminar aqueles dos quais suspeitava. Teria mandado envenenar o seu sobrinho, o conde Anselmo da Capraia, temendo que a popularidade do sobrinho reduzisse sua autoridade. Percebendo que os guelfos estavam enfraquecidos no governo de Ugolino, o arcebispo Ruggieri aproveitou a ocasião para traí-lo, divulgando pela cidade a notícia de que o conde Ugolino havia traído a população, e que havia entregue seus castelos aos povos de Florença e Lucca. Conseguiu provocar uma revolta popular que culminou com a invasão do castelo de Ugolino, que foi forçado a se render. Ruggieri, vitorioso, mandou prender Ugolino numa torre posteriormente chamada de "torre da fome". Prendeu também, na mesma cela, Uguccione e Gaddo, filhos de Ugolino, Anselmuccio e Brigata, netos do conde. Meses depois os pisanos lacraram a torre e atiraram a chave no rio Arno. Em poucos dias todos morreram de fome. (Baseado em relato de G. Villani) [Longfellow 67] Voltar

33.2 Ptolomeia é o penúltimo giro do lago Cócito onde são punidos os traidores de seus hóspedes. As almas estão presas no gelo do lago apenas com o rosto para fora de forma que, quando choram, suas lágrimas congelam e cobrem seus olhos. O nome origina-se do personagem bíblico Ptolomeu (I Macabeus 16, 11) onde o capitão de Jericó convida Simão e seus dois filhos ao seu castelo e lá, traiçoeiramente, os mata a sangue-frio: "pois quando Simão e seus filhos haviam bebido bastante, Ptolomeu e seus homens se levantaram, e sacaram de suas armas, e chegaram até Simão na sala de ceia, e o mataram, e seus dois filhos, e parte dos seus servos." [Longfellow 67] Voltar

33.3 Frei Alberigo de Manfredi era um dos frades gaudentes (frades alegres) mencionados no Canto XXIII (23.2). Tendo feito as pazes com seus inimigos, ele os convidou para um jantar em sua casa. No dia do jantar, ele escondeu assassinos de aluguel nos aposentos próximos à sala de jantar e deu ordens aos seus servos que, depois que servissem as carnes, deveriam servir as frutas, e que este seria o sinal para que os homens armados saíssem de seus esconderijos e matassem todos os hóspedes. E assim foi feito. [Longfellow 67]. Na tradução de Italo Mauro, Frei Alberigo se apresenta da seguinte forma: "Eu sou frei Alberigo; aquele eu sou das frutas do mau horto, que aqui recebo tâmara por figo." (Inferno XXXIII: 118-120) referindo-se à pena que agora recebe, bem pior que o crime praticado. [Mauro 98]. Em 1300, data do poema, Alberigo ainda vivia. Voltar

33.4 Ser Branca d'Oria era um respeitado e poderoso cidadão de Gênova. Apesar disso, teria sido o mandante ou assassino do seu sogro, o corrupto Michel Zanche, mencionado no Canto XXII [Longfellow 67]. Ele ainda estava vivo e gozava de liberdade quando o poema Inferno foi publicado e Dante teria sido ofendido pelos amigos de d'Oria numa de suas visitas a Gênova, pelo que foi considerada "a mais atroz das invenções do poeta." (Cesare Balbo, Vita di Dante). Voltar