Notas Explicativas

Canto VI

6.1 O juiz aretino Benincasa di Laterina foi assessor do Podestà de Siena e na época, proferiu uma sentença de morte contra um parente do nobre e poderoso Ghin de Tacco. Ao tomar conhecimento do poder que Ghin exercia em Siena, Benincasa apressou-se em deixar a cidade e obter transferência para Roma. Mas Ghin o perseguiu e, disfarçado como um peregrino, conseguiu ter acesso ao escritório do juiz. [Sayers 55] Um dos relatos afirma que, após matar sua vítima, Ghin escapou sem ser incomodado, levando consigo a cabeça do juiz [Musa 95]. Voltar

6.2 Guccio dei Tarlati de Pietramala foi um aretino que morreu afogado ao tentar atravessar o rio Arno fugindo de seus inimigos, após uma batalha de guelfos contra guibelinos em Bibbiena. [Longfellow 67]. Voltar

6.3 Frederico Novello era filho do Conde Guido Novello e neto do conde Ugolino della Gherardesca (veja Inferno Canto XXXIII). Foi morto em 1291 pelos guelfos da família Bostoli durante batalha ocorrida no Casentino [Musa 95]. Voltar

6.4 Farinata de Pisa é filho de Marzucco degli Scornigiani. Marzucco foi um jurista que, ao se aposentar, entrou para a ordem franciscana. Quando seu filho, Farinata, foi assassinado (por Beccio da Caprioni ou pelo Conde Ugolino della Gherardesca), Marzucco não buscou vingança mas perdoou os assassinos. Voltar

6.5 O Conde Orso degli Alberti, filho de Napoleone degli Alberti (e neto do Conde Alberto di Mangona) foi morto pelo primo Alberto, filho de Alessandro degli Alberti (irmão de Napoleone). Dante encontrou os irmãos Napoleone e Alessandro na Caína (Inferno, canto XXXII). Voltar

6.6 Pier de la Broccia (Pierre de la Brosse) era conselheiro e cirurgião de Felipe III, da França (nota 7.11). Foi enforcado em 1276 por causa de uma falsa acusação de traição inventada pela rainha, a segunda esposa de Felipe, Marie de Brabant. Marie o acusara de ter tentado seduzi-la. [Longfellow 67] Voltar

6.7 A identidade de Sordello é incerta. Alguns comentaristas afirmam que se trata de Sordello de Goito, aventureiro e trovador nascido nos arredores de Mântua, aproximadamente em 1200. Todos os registros sobre sua vida após 1269 se perderam, mas há uma tradição que afirma que ele teve uma morte violenta. Sordello escreveu vários poemas em provençal, dos quais, uns 40 foram preservados. Um desses poemas faz duras críticas a todos os mais influentes principes da Europa. Ele abandonou sua língua natal e seu país, chegando a lutar contra a Itália sob bandeira francesa. Talvez por isso, diz Dorothy Sayers, "o encontramos tão solitário e pensativo. A emoçao nele despertada pela simples menção de sua cidade natal é por essa razão mais chocante, e isto provoca em Dante a indignação que o faz proferir seu discurso irônico contra a Itália." [Sayers 55] Na mesma época, porém, havia outro Sordello, também de Mântua, que não renegou seu país nem sua língua natal e chegou a ser podestà de Verona. Alguns comentaristas afirmam tratar-se da mesma pessoa, mas Henry Wadsworth Longfellow observa que Dante, no seu tratado De Vulgari Eloquentia, "fala de Sordello de Mântua como um homem tão cuidadoso com seu idioma que, não somente nos seus poemas, mas mesmo quando falava, abandonava o sotaque de sua província. Mas aqui não se discute o provençal usado por Sordello, o trovador, mas apenas os dialetos italianos em comparação com o italiano universal, que Dante afirma pertencer a todas as cidades italianas. No mesmo tratado, Dante menciona um certo Gotto de Mântua como o autor de várias canções muito boas. Este Gotto deveria ser Sordello, uma vez que Sordello nasceu em Goito na província de Mântua. Mas será que Dante se referiria à mesma pessoa no mesmo tratado sob dois nomes diferentes?" Longfellow prossegue, defendendo a identidade de Sordello como sendo "não o trovador, mas o velho Podestà de Mantua, um guibelino tão assumido quanto o próprio Dante, e Dante profere diante dele sentimentos que ele bem sabe que os zelosos guibelinos irão compartilhar. E o que confirma nossa suposição ainda mais é que Sordello abraça os joelhos de Virgílio, dizendo, 'Ó, glória dos latinos' (no Canto VII). Nessa admiração e amor à língua latina vemos o podestá, escritor de latim; não vemos o trovador." [Longfellow 67] Voltar

6.8 Alberto I da Áustria (1248-1308) herdou de seu pai, Rodolfo de Hapsburgo (nota 7.7), o trono do Sagrado Império Romano, após derrotar seu concorrente, Adolfo de Nassau, vencido e morto por ele em batalha. Sua eleição desagradou ao papa Bonifácio VIII, mas teve sua legitimidade reconhecida, porém nunca foi à Itália para ser coroado pelo papa. Alberto foi sucedido pelo imperador Henrique de Luxemburgo, depois de ser morto violentamente em 1308 pelo seu sobrinho.[Longfellow 67][Pinheiro 60] Voltar

6.9 Montecchi e Cappelletti eram duas famílias rivais de Verona, cujas brigas foram tema da peça Romeu e Julieta de William Shakespeare. Voltar

6.10 Monardi e Filipeschi eram duas famílias rivais de Orvieto. Voltar

6.11 Dante aproveita a ocasião para fazer um discurso onde expõe seus pontos de vista em relação à decadência da Itália. Ao clamar pelo poder do império ("Ó César meu...") que abandonara as cidades italianas, deixando que elas se corrompessem e fossem dominadas por tiranos, Dante demonstra concordar com ideais defendidos pelos guibelinos. Voltar